O hoje, depois de caminhar pela praia de Itacoatiara com “ Brutus”, um labrador, fui até o mercado maravista, antigo “Leonel” para os que moram a mais tempo
em Itaipu, para comprar bifes de alcatra para o almoço. Detesto ir comprar bifes: A uma porque não sei ver se
a carne está ou não macia, A duas porque quando está dura a reclamação é geral,
mais quando esta macia, não passou da obrigação
cumprida. Em fim lá fui eu comprar os bifes, cheguei no mercadinho e entrei na
fila, parecia que todos pensaram na mesma coisa pois a fila estava imensa, ou
por que o Brasil já ultrapassou 200 milhões
de habitantes, seja qual for o motivo demorou pra caramba, na minha vez fui
logo perguntando tem alcatra macia para
bife? E o açogueiro disse que não pois
ainda estavam inteiras e que só mais tarde poderia haver um pedaço bom para
bifes. Decidi ir embora após enfrentar aquela fila de sábado às 11:30 da manhã. Pior
que chegar em casa com bifes duros de alcatra era chegar sem os requisitados
bifes. Mais o que fazer, levar sabendo que estavam duros não os levaria. Passei
então pela gôndola das frutas e vi lindos abacaxis, resolvi levar um, quem sabe
adoçava o pessoal lá em casa. Estava
selecionando a fruta, sempre olhando pro açougue na esperança de ver algum
incauto comprar a primeira parte da alcatra, que segundo minha mulher é sempre
dura, como ninguém pediu para cortar a tal peça de carne, estava me dirigindo para o caixa, após escolher cuidadosamente
dois abacaxi que pareciam os mais doces, por que senão a turma chia, quando ouvi uma voz feminina dizer: “ que perereca
linda”, achei muito estranho tal frase dita com ênfase e em bom tom, em pleno mercado, achei, na minha
mente poluída, que alguma mulher estivesse elogiando outra no mercado, sabem
como a moda e os costumes são dinâmicos hoje em dia. Pensei, isto não é possível e me dirigi ao caixa quando
novamente outra voz repetiu a frase insólita: “ que perereca linda”. Desta vez
me virei para olhar, qual minha surpresa; Uma perereca de verdade (anfíbio, diga-se logo para evitar qualquer
mal entendido) estava grudada na caixa de verduras, e todo mundo a dizer que
perereca linda. Dando azo a minha veia ecológica, até porque ninguém parecia
disposto a salvar a linda perereca de um certeiro pisão caso saltasse da caixa
de repolhos para o chão, fui até lá e sem cerimônia meti a mão na perereca e a segurei pelas
pernas traseiras e, com a outra mão
equilibrava a cesta com os abacaxis. Pronto virei atração do mercado, e agora
vou fazer o que com essa linda perereca
que acabei de pegar; Uma velhinha chegou
a dizer terna “pronto perereca tá salva”.
Fazia um calor igual ao dos melhores dias de janeiro. E agora, me tornei
o salvador de perereca, fiquei dentro do mercado com aquela pequena perereca
em minha mão sem sabre o que fazer.
Lembrei que tinha um pequeno rio ali perto, muito poluído pelo esgoto que nele
jogam, diga-se de passagem, mais era o
único local possível de salvação para a
perereca. Resolvi que levaria o batráquio até o rio a qualquer custo e o soltaria. Mais
o que fazer com os abacaxis, tão
duramente escolhidos entre tantos que pareciam azedos: Ficar na fila do caixa
pagar pelos abacaxis e só depois ir salvar a vida daquela linda perereca, não
pareceu muito ecológico, pois o dia
estava muito quente e, a perereca que de regra é gelada, já estava quente e com
cara de desidratada na minha mão. O dilema estava instaurado, não podia largar
o abacaxi pois outros clientes, talvez outros clientes havidos por abacaxi doce
poderia pegá-los, nem podia ficar na fila com uma perereca morrendo na mão. A
solução foi esconder o abacaxi embaixo das
berinjelas, pois afinal, pensei, quem está querendo berinjelas, não se
interessaria nos abacaxis caso os descobrissem sob as berinjelas. Sai apressado
do mercado com a perereca desmilinguida na mão,
ao sair com algo na mão sem passar pelo caixa algumas pessoas fizeram
cara de reprovação, e antes de ser interpelado por algum paladino da moral e
bons costumes, mostrei que era uma perereca,
já com cara de defunta, fui então liberado pelos olhares desconfiados e desinformados da massa
;Tomei rumo apressado em direção ao rio(zinho) do maravista, desci as escadas e quando ia colocar a perereca
próxima a uma mureta da ponte, vi que alguns calangos(esses pequenos lagartos )
ficaram interessados na operação salvamento da perereca, temendo que após toda
a minha estratégia para salvar a linda perereca, esta fosse acabar como banque
de sábado para os calangos da mureta do rio. Então tive que descer mais ainda as
escadas até perto da “água”, quase cai dentro daquelas águas negras e fétidas,
mais afinal galguei uma das margens, onde finalmente restitui a liberdade, sob
um pé de mamona, a linda perereca. Só ai
vi que minha mão estava coberta por um muco, provavelmente expelido pela pele da
perereca, fiquei pensado naquelas reportegens de vida animal da national
geografic, que mostram venenos exóticos, e dentre eles de algumas pererecas,os
quais podem até matar. Tive a pulsão de lavar a mão no rio, mais o
que pode ser pior: arriscar ser aquela perereca
venenosa ou ter a certeza de me contaminar com aquele esgoto em que se
transformou o rio que passa no Maravista. Preferi ficar com orisco do muco da perereca ser
venenoso. Sai do rio e atravessei em direção ao posto Ipiranga do outro lado da
estrada, e finalmente me livrei de
qualquer reminiscência daquela linda perereca, lavando a mão em água corrente e
abundante.
Voltei ao mercado para pegar os abacaxis, era questão de
honra, pelo menos levaria aquela doce e espinhenta fruta para casa, minimizando os
impactos negativos de não ter conseguido cumprir a missão de comprar bifes
macios de alcatra. Quando entrei no mercado e me dirigia até a gôndola de legumes, afim de escavar a pilha de
berinjelas e resgatar os soterrados abacaxis, Qual minha surpresa quando o açougueiro
me chamou, talvez em agradecimento por eu ter salvo aquela linda perereca, e me disse: “ tem um ótimo pedaço de alcatra
para bifes”, Incontinenti mandei-lhe cortar toda a peça em bifes. Trouxe-os,
bem como os abacaxis, triunfante para casa, onde foram preparados, enquanto
contavam a minha samaritana façanha de salvar a linda perereca.
POIS BEM:
Entre mortos e feridos todos morreram; Os bifes estavam
duros e os abacaxis azedos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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