A pouco mais de um ano para as Olimpíadas no Rio, a gerente
de sustentabilidade do Comitê Rio 2016, Tânia Braga, descartou, na
quarta-feira, em audiência na Câmara dos Deputados, a possibilidade de a
competição de vela ser transferida para fora da Baía de Guanabara - ou mesmo
para outra cidade. Apesar disso, o governo do estado, responsável pelo
cumprimento do compromisso de fazer com que 80% do esgoto despejado na Baía seja
tratado, admitiu que haverá lixo flutuante nas olimpíadas durante os jogos e
classificou como "o paliativo do paliativo" as soluções buscadas para
a realização do evento.
- Não existe plano B para realização das provas. Nós não vamos desistir
da Baía de Guanabara - disse Tânia Braga, da Rio 2016.
Contudo, o consultor do governo do estado para o Programa de Saneamento
da Baía de Guanabara, Guido Géllis, reconheceu que todo o esforço serve apenas
para reduzir a contaminação do espelho d'água pelo lixo flutuante:
- O que tem que se fazer é a coleta do lixo. Os ecobarcos são um
paliativo do paliativo, mas mesmo assim vamos contratá-los. Eles estarão lá
para minimizar a questão. Mas, infelizmente, lixo flutuante vai ter (durante as
Olimpíadas) - lamentou.
Ele calculou que a
despoluição da área teria um custo de R$ 20 bilhões.
Na sessão, os especialistas destacaram a dificuldade de solucionar o
problema da contaminação da Baía em razão da amplitude da área poluída, que
fica no entorno de 15 municípios do Rio de Janeiro, onde vivem 10 milhões de
pessoas. Gélli afirma que a coleta de lixo é falha nessas regiões, o que também
contribui para a perpetuação da poluição no local.
Enquanto os representantes dos órgãos olímpicos garantiram que a área
reservada aos velejadores é favorável, ambientalistas rebateram. Para eles, a
Baía de Guanabara não será despoluída a tempo dos Jogos. Em maio, o presidente
do Comitê Olímpico, Arthur Nuzman, admitiu que a meta de coletar e tratar 80%
do esgoto despejado na baía não será alcançada.
— Não posso deixar de me revoltar. Algo está podre nessa questão da Baía
de Guanabara. Para resolver o problema, são necessários 25 anos com políticas
públicas de saneamento, esporte e educação — criticou.
Presente à audiência, o presidente em exercício da Autoridade Olímpica
Marcelo Pedroso, admitiu que o nível de contaminação da Baía é elevado. No
entanto, segundo ele, a área está em condições de receber a competição:
- Temos dificuldades, esse é um problema complexo. Mas o plano de ações
nos dá tranquilidade de que a competição tem condições de se realizar nos
campos de prova que foram estabelecidos para 2016. A qualidade da água tem
historicamente melhorado nos seis pontos de competição para garantir o contato
do atleta com a água.
Em agosto, um novo evento teste deve ocorrer na raia demarcada para
verificar a qualidade de água da Baía. Agora, a Comissão de Meio Ambiente deve
agendar na próxima semana uma viagem para que uma comitiva de parlamentares
visite o Rio a fim de fiscalizar a realização das obras para despoluição na
área destinada aos jogos olímpicos.
De acordo com Pedroso, medidas como a construção de ecobarreiras e a
contratação de ecobarcos para coletar os resíduos serão adotadas pelo estado.
Além disso, serão lançados produtos químicos na Baía de Guanabara para mitigar
o lixo que fica boiando na água e garantir a realização das provas. Na marina
da Glória será implantado um cinturão para evitar o deslocamento do lixo. O
prazo para que essas ações sejam implementadas vence em dezembro.(reportagem jornal o globo)
Até quando conviveremos com o descaso, e o desvio de finalidade dos recursos públicos.
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